"ALGUMAS PESSOAS NASCEM PARA SENTAREM NA BEIRA DO RIO... ALGUMAS SÃO ATINGIDAS POR RAIOS... ALGUMAS TEM OUVIDO PARA MÚSICA... ALGUMAS SÃO ARTISTAS... ALGUMAS NADAM... ALGUMAS ENTENDEM DE BOTÕES... ALGUMAS CONHECEM SHAKESPEARE... ALGUMAS SÃO MÃES... E ALGUMAS PESSOAS... DANÇAM..."

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Às 7:13 AM Por Murillo Jales em ,    1 comentário

Hoje fiz algo que não vinha fazendo há algum tempo. Ao acordar, olhei o céu, a cidade e pude reparar em cada detalhe. Fazia tempo que não parava e refletia no simples fato de existir. Nesses poucos minutos de reflexão entendi que podemos não viver da forma que queremos, mas com certeza, mesmo com tantas adversidades nós aprendemos a sobreviver nesta vida tão cheia de surpresas. E é essa sobrevivência que me deixa perplexo.
Ver na televisão casos de tantas crianças abandonadas por mães completamente destruídas em seu interior, tão abandonadas quanto às crianças noticiadas, revela um sentimento de impotência. Somos impotentes. A sociedade que julga, recrimina e protesta quando casos explodem na mídia é a mesma sociedade omissa, prosmícua em seus ideiais, hipócrita em seus falsos sentimentos de dor. E não precisamos encontrar culpados, basta-nos olhar no espelho todos os dias e veremos um réu condenado.
O mais surpreendente é a capacidade de sobrevivência. Como explicar que essas crianças, recém-nascidas consigam encontrar fôlego de vida e uma capacidade incrível de lutar, resistir acima de qualquer perspectiva contrária? Como explicar a força em um corpo tão frágil? Pobres mães. Não tiveram a mesma força que seus "filhos" e preferiram desistir ao invés de resistir.  Pobres mães maltratadas por todos nós. Como é fácil apedrejá-las e chorar pelas crianças.
Crianças que por alguns momentos ficaram sozinhas após o abandono. Outras que ficaram sozinhas mesmo após terem sido encontradas. Uma multidão de amigos não seria capaz de tirá-las da solidão, entretanto, não importa...elas continuam sobrevivendo. Elas continuam sobrevivendo sem entender muito bem porque nunca tiveram uma chance de escolha, nunca puderam receber um sim e porque somente eram-lhes oferecido um não como resposta.
A sobrevivência. A incrível capacidade de sobreviver. O melhor de tudo é perceber que ela não vem de nós.  Essa é mais uma incapacidade da nossa sociedade, ela não permite que todos sobrevivam, ao contrário, ela ajuda a matar aqueles que ainda lutam de alguma forma pela vida. 
Mas existe um cara especial, diferente de todos os outros, que veio e sentiu a dor dessas crianças. Foi abandonado pelos seus, levou uma culpa que não era sua e sobreviveu a tudo que foi-lhe imposto. Foi a maior prova de sobrevivência, porque nem a morte foi capaz de fazê-lo parar de viver. 
Através dele é possível entender que uma lágrima é o mesmo que uma frase, que um sofrimento nosso não é apenas mais um sofrimento, mas sim a maior das dores e que precisamos de cuidado. E como precisamos de cuidado! A sociedade não entende, o ser humano não é capaz. Nenhuma poeta e nenhum compositor é capaz de escrever sobre o amor da forma como ele deve ser, porque o homem só conhece o amor de uma forma limitada, sua natureza não permite viver o amor verdadeiro, perfeito. 
Quando começamos a imaginar e conhecer esse amor, vivido e expresso por esse cara é que entendemos o porque de sobrevivermos dia após dia, mesmo quando todas as circunstâncias dizem o contrário e nos empurram ladeira abaixo. Como diz o trecho da música abaixo: "Não tenho um tom, não tenho palavras, não tenho acorde que me socorra agora, tudo foi embora... só tenho você amor agora!"

Artista: Palavrantiga
Música: Vem me socorrer

"Não tenho um tom
Não tenho palavras
Não tenho acorde que
Me socorra agora
Tudo foi embora
Só tenho você

Havia um silêncio
Que mostrou os meus vícios
Me agarro contigo
Vem me socorra agora
Tudo foi embora
Só tenho você amor
Agora

E essa não é mais uma canção de amor
Não, não, não

Eu canto pra ti
Sei onde estou
Olhando pra mim posso saber
Que nada sou

Eu grito pra ti oh Deus
Vem me socorrer
Olhando pra mim posso saber
Que nada posso fazer"


 

1 comentários:

Jaqueline Graziela disse...

Adorei o textto amigo. Muito bom mesmo.. simples e reflexivo contemplando o criador! ;)
Parabéns!